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| Créditos: We Heart It |
Quando a gente está fadado a algo é quase impossível evitar que aconteça. Foi assim com o último evento sentimental da minha vida. Nunca pensei que um hobby fosse causar tantos problemas ao invés de solução e alívio. Eu no meu espaço, no espaço onde só eu e algumas poucas pessoas compartilhamos nossos fragmentos sentimentais e algumas poucas e boas histórias são lembradas e recontadas, tivemos o choque de identidade e realidade de alguns personagens principais.
Eu me trai. Trai o meu tão amado ditado e pela primeira vez, não quis ser decapitada. Não, eu não falei por mal ou falei, sei lá. Só sei que quem era pra ser acertado, escapou ileso sem nem ter alguns ferimentos leves. Já por outro lado, uma bala perdida atingiu inesperadamente um dos transeuntes dessa avenida. Ainda não se sabe a proporção dos ferimentos e nem as sequelas.
Você pode até achar tudo isso meio trágico, porém, tudo sempre tem um lado irônico e até um pouco engraçado. Nunca, em hipótese alguma, essa avenida houvera de ter sido frequentada por esse pedestre. Com tantos momentos felizes e notórios, como paradas e festividades, ele jamais haveria ousado pisar aqui e respirar os ares deste ambiente, mas inusitadamente, caiu aqui no dia e hora errada e acabou sendo um dos feridos. Não acredito nessa coisa de "tinha que ser", não tinha que ser nada. Se quando era pra ser, aqui não estava, porque estar agora?
É cômico ver que ironicamente a vida sempre está te pregando peças e testes. Num acerto, você não será parabenizado e não receberá tantas visitas, quanto no erro. Nesse momento onde aconteceu um erro de calculo, manobra ou seja lá que diabos for, milhares de novos rostos surgiram e tomaram conta da situação, só observando os próximos passos daquela tragédia.
Nesse momento, juro que me senti como se tivesse tomado algum medicamento hemodrômico e que o efeito típico dessa classe de medicamentos, tivesse acelerado a minha circulação sanguínea além do esperado.Tinha certeza de que se espirrasse, teria uma hemorragia e sangraria até a morte, bem ali, ao lado da única vítima de toda aquela cena de horror. Me mantive o mais silenciosa possível, evitando movimentos bruscos e principalmente evitando aumentar o buraco causado pelo projetil, disparado aleatoriamente em uma das vielas mais calmas daquela movimentada avenida, típica dos grandes centros urbanos.
Passado todo o drama e feita todas as manobras de primeiros socorros, eu pude sentir um pouco mais de confiança e esperança na sobrevivência de ambos. Por enquanto, dão a situação como controlada. Mas, não posso esconder que saber que a ferida existe e não saber o seu tamanho me assusta profundamente. Por outro lado, acho cômico nunca ter percebido que talvez aquele rosto sempre esteve por entre os que sempre estiveram por aqui e na correria do dia a dia, acabei deixando passar a oportunidade de dizer coisas boas, num momento diferente. Perdi a chance de dizer o simples no momento cômico, para enfrentar o momento trágico, com o medo de um óbito a qualquer momento.
